Ética no Futebol

Estava aqui sentado, pensando...

Como há dois anos venho sendo convidado a ministrar aula sobre ÉTICA para o Curso de Formação de Árbitros da FCF/SINAFESC, e para isto tenho que procurar me inteirar mais do assunto, pois não é todo dia que se transforma um cidadão comum num "Professor de Deontologia".

Por sorte, minha formação militar e o meu interesse pelo assunto me facilitou um pouco a tarefa.

Todavia ao pesquisar mais a fundo o assunto, as origens da ética, a etimologia, a forma de como se manifesta somente no gênero humano, enfim... Passei a me questionar certas coisas, certas situações... E a correlacionar estas dúvidas também com o futebol!

A pergunta que não me sai da cabeça é até onde a ética consegue ser empregada, alcançada ou objetivada no futebol. Pois num ambiente que várias são as motivações, condutas e regras, interesses e objetivos, é certo que não se mantenha certa harmonia em respeito a ética.

A ética do Árbitro não é a mesma do atleta ou do torcedor. Por mais que tenhamos um entendimento padronizado no lado social, quando estamos num campo de futebol este entendimento passa a ser fracionado, onde cada um passa a agir conforme os seus interesses.

Deixa-se assim a razão (leia-se moral) e passa-se a patrocinar as emoções (leia-se paixões);o atleta em busca da vitória a qualquer preço (preço está relacionado aqui neste texto a custos físicos, a tal da "raça"), o torcedor quer ver um espetáculo onde o seu favorito "humilhe" o adversário (preferencialmente vencer de goleada!!!), e o Árbitro busca que tudo isto aconteça, sem que as regras do jogo sejam maculadas, que o resultado da partida seja atingido sem obtenção de vantagens ilícitas, independente do resultado final ser favorável a este ou aquele.

Neste conflito, como ficam as coisas? A moral? A ética?

Para ilustrar, veja o caso do time que se reune, todos abraçados, e passam a orar. Nada contra mesmo, até acho salutar para a união do grupo.

Mas se ao entrarem em campo esquecem da oração feita! Ao término do jogo não podem aceitar que a vitória foi decorrente da vontade divina, se a derrota também não for! E o outro time, a divindade não o socorre? E ao Árbitro, que no seu entender, marcar alguma coisa contra o time, deve ser amaldiçoado como "herege"?

Logicamente, sei que ética não é tão somente isto, mas passa por isto, pelos valores morais aceitos pelo grupo...

Sinceramente, não achei a resposta que me fosse convincente. Tenho minhas convicções, mas estas estão longe de ser a resposta para esta equação conflitante, em que a ética pode ter seu rumo traçado de formas diferentes num mesmo episódio.

Abraços à todos!